Por: Ed René Kivitz
Dar
dinheiro na igreja tem sido uma prática cada vez mais questionada. Certamente
em virtude dos abusos de lideranças religiosas de caráter duvidoso, e a
suspeita de que os recursos destinados à causa acabam no bolso dos apóstolos,
bispos e pastores, não são poucas as pessoas que se sentem desestimuladas à
contribuição financeira. Outras tantas se sentem enganadas, e algumas o foram
de fato. Há ainda os que preferem fazer o bem sem a intermediação
institucional. Mas o fato é que as igrejas e suas respectivas ações de
solidariedade vivem das ofertas financeiras de seus frequentadores e fiéis.
Entre as instituições que mais recebem doações, as igrejas ocupam de longe o
primeiro lugar na lista de valores arrecadados. Por que, então, as pessoas
contribuem financeiramente nas igrejas?
Não
são poucas as pessoas que tratam suas contribuições financeiras como investimento.
Contribuem na perspectiva da negociação: dou 10% da minha renda e sou abençoado
com 100% de retorno. Tentar fazer negócios com Deus é um contra-senso,
pois quem negocia sua doação está preocupado com o benefício próprio, doa por
motivação egoísta, imaginando levar vantagem na transação. É fato que quem
muito semeia, muito colhe. Mas essa não é a melhor motivação para a
contribuição financeira na igreja.
Há
quem contribua por obrigação. É verdade que a Bíblia ensina que a contribuição
financeira é um dever de todo cristão. A prática do dízimo, instituída no
Antigo Testamento na relação de Deus com seu povo Israel foi referida por Jesus
aos seus discípulos, que deveriam não apenas dar o dízimo, mas ir além, doando
medida maior, excedendo em justiça. A medida maior era na verdade muito maior.
Os religiosos doam 10%, os cristãos abrem mão de tudo, pois crêem que não
apenas o dízimo pertence a Deus, mas todos os recursos e riquezas que têm em
mãos pertencem a deus e estão apenas sob seus cuidados.
Alguns
mais nobres doam por gratidão. Pensam, “estou recebendo tanto de Deus, que devo
retribuir contribuindo de alguma maneira”. Nesse caso, correm o risco de doar
apenas enquanto têm, ou apenas enquanto estão sendo abençoados. A gratidão é
uma motivação legítima, mas ainda não é a melhor motivação para a contribuição
financeira.
Existem
também os que contribuem em razão de seu compromisso com a causa, com a visão,
acreditam em uma instituição e querem por seu dinheiro em algo significativo.
Muito bom. Devem continuar fazendo isso. Quem diz que acredita em alguma coisa,
mas não mete a mão no bolso, no fundo, não acredita. Mas essa motivação está
ainda aquém do espírito cristão. Aliás, não são apenas os cristãos que
patrocinam o que acreditam.
Muitos
são os que doam por compaixão. Não conseguem não se identificar com o
sofrimento alheio, não conseguem viver de modo indiferente ao sofrimento
alheio, sentem as dores do próximo como se fossem dores próprias. Seu coração
se comove e suas mãos se apressam em serviço. A compaixão mobiliza, exige ação
prática. Isso é cristão. Mas ainda não é suficiente.
Poucos
contribuem por generosidade. Fazem o bem sem ver a quem. Doam porque não vivem
para acumular ou entesourar para si mesmos. Não precisam ter muito. Não
precisam ver alguém sofrendo, não perguntam se a causa é digna, não querem
saber se o destinatário da doação é merecedor de ajuda. Eles doam porque doar
faz parte do seu caráter. Simplesmente são generosos. Gente rara, mas existe. O
relacionamento com Jesus gera esse tipo de gente.
Finalmente,
há os que contribuem por piedade. Piedade, não no sentido de pena ou dó.
Piedade como devoção, gesto de adoração, ato que visa apenas e tão somente
manifestar a graça de Deus no mundo. Financiam causas, mantém instituições,
ajudam pessoas, tratam suas posses como dádivas de Deus, e por isso são gratos,
e são generosos. Mas o dinheiro que doam aos outros, na verdade entregam nas
mãos de Deus. Para essas pessoas, contribuir é adorar.
Fonte: http://ibab.com.br/blog/post/dar-dinheiro-na-igreja/
E você, porque contribui na sua igreja?