Há alguns anos participei de um “amigo secreto” de natal com os irmãos da minha igreja. Todos estávamos felizes e ansiosos para o momento da troca de presentes antes de cearmos. O presente que comprei: alguns livros e uma camisa que achei interessante. Para surpresa de todos, o jovem que presenteei não gostou da camisa e fez questão de expressar em público sua decepção.
Assim como a pessoa da
igreja, os judeus esperavam um presente melhor. Para eles, o Messias, o Rei de
Israel, deveria ser melhor do que um menino nascido em uma manjedoura, dentro
de um estábulo sujo e com odor de fezes de animais. As palavras de Natanael “Pode
vir alguma coisa boa de Nazaré?” [João 1:45] resumiam a surpresa daqueles que
recebiam a boa nova.
O presente messiânico que
Deus enviou não satisfez os religiosos daquela época, mas para Deus, Jesus era
o “filho amado que lhe proporcionava imensa alegria” [Sl 42:1; Mc. 1:11]. João
foi assertivo: Jesus “veio para os seus, mas os seus não o receberam”. O
próprio Isaías descreveu-o como “desprezado”, “o mais indigno entre os homens”
e “experimentado no sofrimento” [Isaías 53:3].
Ainda assim, segundo o evangelista,
todos que aceitaram o presente Divino de bom grado receberam a oportunidade “de
serem feitos filhos de Deus” [João 1:11]. Mesmo sendo desprezado por muitos,
Cristo cumpriu sua missão: iluminou a vida dos que “andavam em trevas” e “habitavam
na região da sombra da morte” [Isaías 9:1-2].
Mesmo tendo experimentado o
desprezo de um presente que escolhi para alguém, não consigo imaginar o que se
passou no coração de Deus, ao ver o seu Presente, seu Unigênito, sendo
desprezado pela humanidade.
Na noite da troca de
presentes, depois do choque, o fato virou piada entre os irmãos. Naquele clima,
minha esposa disse em tom de brincadeira: se não quiser, você pode devolver a
camisa! Assim o jovem fez, e eu aceitei de volta.
O “Deus conosco” cumpriu sua
missão com êxito pleno. E voltou para o Pai. Jesus nasceu, pregou a boa
notícia, foi crucificado, ressurgiu, libertou os cativos, enviou-nos o Espírito
e prometeu que estará conosco todos os dias até que o Pai decida nos presentear
pela segunda vez e nos leve para morar com Ele eternamente. Que presentão!
[Por Joel Souza]