quarta-feira, 18 de maio de 2016

Oração: a ação mais abrangente





A oração começa com o mais espontâneo dos atos: dor, gratidão, ira. Ela ocorre em fragmentos e é vivenciada abruptamente, sem transições. Porém, à medida que prossegue, desenvolve conexões subterrâneas – reunindo e organizando – e se tornando nossa ação mais abrangente. A oração amadurece na prática da memória.
É comum entre os que nos ensinam os Salmos organizá-los por estilo ou tipo: salmos de gratidão, salmos da natureza, salmos messiânicos, salmos de perdão. Apesar de bem-intencionada, essa prática é equivocada. A oração não dá um jeito em nossa atrapalhada rotina. Ela não coloca em ordem nossas desorganizadas vidas dentro de pastas etiquetadas.
A oração é a intensificação da vida. Uma vez que a vida não se apresenta a nós dividida em categorias distintas, assim também é a oração. Os Salmos nos ensinam a orar mergulhando-nos nas correntezas da vida como ela se apresenta a nós, molhada e agitada.
Nós aprendemos a orar não com gramática, mas com os nossos pais, da mesma forma que aprendemos a linguagem. Nossos primeiros professores de Português, os nossos pais, não nos ensinaram primeiro os substantivos, depois os verbos. Nós aprendemos a linguagem como ela chega a nós, em palavras desarrumadas e confusas.  Na oração, os Salmos são nossos pais, não nossos professores.


Referência: Eugene H. Peterson. A oração que Deus ouve. Brasília: Palavra, 2007.

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